Porto Alegre, Brasil
Vive e trabalha em Londres

A pintura de Paula Turmina explora uma beleza convulsiva, representada pelos personagens que ela denomina “adoradores do sol”, figuras que surgem em paisagens criadas por cores desérticas. A volumetria escultural de suas composições enfatiza a monumentalidade das figuras e transmite um peso visual que ultrapassa a bidimensionalidade da tela. Sua pintura revela variações de cores quentes que se expandem em extensas passagens visuais, criando cenários que incorporam uma imagem do passado enquanto exploram as possibilidades do futuro. As figuras pós-humanas se integram à natureza, sugerindo uma sobrevivência simbiótica em um ambiente árido e transformado.

Esses seres se fundem à paisagem, como se fizessem parte de um novo ciclo de vida, expressando uma coexistência que transcende o humano. As composições de Paula evocam uma ideia de renascimento, onde o que resta da humanidade se conecta ao mundo natural de maneira intrínseca e vibrante. A ideia de sobrevivência torna-se, então, uma forma de adaptação da imagem a um novo futuro. A artista cria suas imagens de maneira instintiva e visceral, permitindo que o que vive e pesquisa se manifeste de forma única, sem um planejamento rígido. Turmina não segue um sistema; seu gesto flui livremente através desses impulsos. É nesse espaço de liberdade que ela também explora suas próprias experiências.

Sua realização técnica, com pinceladas soltas e gestuais, e composições que rompem com a rigidez acadêmica tradicional, evoca momentos do modernismo brasileiro. Há uma exploração de texturas, superfícies planas e volumétricas, além de uma abordagem experimental no uso de materiais. A perspectiva e a representação figurativa são frequentemente distorcidas ou reinterpretadas. Paula constrói um imaginário único, onde a influência do modernismo se mescla ao surrealismo, criando um espaço onde a desolação e a renovação coexistem, apontando para um futuro enigmático, intertextual e metafísico.